Introdução:
A
fábula trata a ideia de um sistema financeiro aplicado à um novo “Estado”,
no caso a então denominada “Ilha dos Náufragos”, através de uma parábola entrelaçando o
surgimento do dinheiro, dos bancos, da exploração do trabalho e, sobretudo, das mazelas
por trás destes. (conteúdo esquerdista detected hehe).
Visando uma melhor compreensão da narrativa lúdica da fábula para uma melhor aplicação ao estudo de caso, me atenho inicialmente à um contraponto entre a fábula e o real funcionamento do "sistema", explanando um pouco da real história do dinheiro e dos bancos, enfim, dos
primórdios do sistema financeiro.
Na relação
econômica, tudo começa após os problemas com o até então utilizado método de
“escambo”, ou seja, a troca de um produto por outro “equivalente”, mas que boa
parte das vezes não era tão equivalente assim e acabava devido à desproporcionalidade
nessa relação, gerando conflitos e ocasionando descontentamento de alguma das
partes envolvidas na troca de bens. Observando a necessidade de um meio comum
que pudesse facilitar a troca e levando-se em conta que o ouro já era
considerado valioso por todos, surgiu a ideia de utilizá-lo como meio de
compra, o preço foi estabelecido para o ouro, e assim ficavam mais fáceis as
comercializações, criando-se então uma moeda de troca, o homem passa a utilizar
o ouro como moeda, visando dessa maneira, solucionar os problemas ocorridos com
o método de escambo. Tempos passam, e as pessoas começam a perceber que não é
tão seguro assim manter o ouro em posse pessoal, pois da mesma forma que hoje,
em tal época também haviam ladrões dispostos a se apossarem de tal ouro. Baseados
nessa ideia, para oferecer segurança à essa moeda, surgem aqueles que oferecem
um local seguro onde se possa guardar o ouro em troca de uma “pequena” parte
deste pelo serviço, uma espécie de taxa, eis que surge ai o primeiro banco
da história. As pessoas que depositavam seu ouro no banco recebiam como
comprovante de depósito os “I.O.U” (pronunciado
em inglês, tais siglas tem a pronúncia semelhante a frase EU DEVO PARA VOCÊ),
que eram uma espécie de escritura informal a qual se devia levar ao banco para
poder então retirar o ouro lá depositado. As pessoas perceberam que ao invés de
retirar o ouro no banco para comprar algum produto, seria mais conveniente
entregar o “I.O.U” ao vendedor em troca da mercadoria, para que este em seguida
retirasse o ouro no banco, esse método conveniente passou a ser usado em larga
escala, tornando-se bastante popular, de tal modo que assim surgia de maneira
sútil os primórdios do “papel moeda”. Como bem percebe-se havia uma relação em
que o banco tornava-se possessor do ouro e em troca emitida os I.O.U para seus
“correntistas”, visando o lucro com as taxas cobradas, situação análoga
à fábula, percebida na atuação do banqueiro Martinho para com os náufragos.
Os
banqueiros começaram a perceber, que poderiam emitir “I.O.U”s, mesmo sem ter
ouro suficiente nas reservas, e assim, cobrar juros daqueles que pegassem essa
“moeda” emprestada para pagá-la posteriormente ao banco com os devidos
encargos, surgiam então, os primeiros empréstimos bancários. O banco emitia
moeda, porém, sem lastro no ouro, dando origem à assim chamada emissão de “moeda podre”, ou seja, uma moeda
que teoricamente, não possui valor, lastro na então riqueza que regulava a
emissão de moedas, o ouro. Tais emissões de moedas desvinculadas das reservas
de ouro dão inicio à explosão inflacionária, quanto mais moeda há em circulação, menos valorizada ela se torna,
logo, demanda de uma quantidade maior de moeda para comprar um mesmo produto.
As pessoas ao descobrirem tal farsa (emissão de moeda podre) correm para
retirar o seu ouro, porém, como todas fazem isso ao mesmo tempo, não há ouro
suficiente para reembolsar à todos. Ocorre ai o primeiro “default” bancário da história,
nasce uma ideia tirana, a ideia de transformar papel sem valor em “ouro”, uma
amostra das mazelas que os sistemas bancários poderiam/ podem provocar no
sistema financeiro mundial.
Aplicação
à Empresa. Estudo do caso:
A
fábula nos permite um estudo comparativo com relação à elaboração empresarial,
em que podemos fazer analogia entre os náufragos e os “imagináveis” dirigentes
de uma nova empresa que se iniciam em um mundo novo, um território
desconhecido, o mundo das empresas, cada um com suas particularidades e
perspectivas com relação ao “novo” e desconhecido mundo dos negócios.
Ao
atuarem na nova empresa, todos procuram aplicar suas melhores habilidades,
apreciando o território promissor e lucrativo que há pela frente, afinal, toda
empresa para manter sua existência, depende de algo essencial: o lucro. Quando
esse não existe e passa a ser negativo, denominando-se prejuízo, nenhuma
empresa consegue sobreviver, ela perde sua função e sentido de existência.
Fato
é, que ao abrir uma nova empresa, várias pessoas se apegam à ideia de uma
expansão rápida, explosiva, sem base nem alicerce. Podemos perceber na fábula,
que todos os companheiros apesar de se dedicarem ao progresso de sua ilha e
conseguirem até mesmo um sucesso inicial, não possuem o devido conhecimento
econômico que possa lhes permitir formar um sistema financeiro na ilha dos
náufragos e ficam apenas vivenciando as ideias do quão
maravilhoso seria haver uma moeda de troca, em conversas que não produziam
resultados e continuavam apenas sendo ideias, somente conseguindo resolver a
questão com o chegada na ilha de mais um náufrago, o banqueiro Martinho, que
faz o uso de toda sua astúcia de banqueiro para lucrar sobre a ignorância
alheia, de modo a gerar dividas “ad
eternum”, impagáveis, que visam manter escravos rentáveis para o grande “Mammom”,
fazendo com que os náufragos se tornem totalmente dependentes da sua atuação
financeira.
Isso
é por vezes, o que percebemos no território empresarial, maior parte das
empresas se dissolvem em menos de dois anos por falta de conhecimento administrativo,
contabilístico e, sobretudo, visão a longo prazo, vislumbrados com
as possibilidades de expansão em tempo recorde, os novos empresários,
despreparados e ansiosos, acabam seduzidos pelos empréstimos bancários “ofertados”
com juros “reduzidos” e altamente financiáveis, que acabam se tornando as
correntes da até então, promissora empresa. Os lucros de tal empresa, além de
destinados a cobrirem os gastos com manutenção, pagamento de salários,
despesas, reservas da empresa, etc, acabam direcionados em boa parte para o
pagamento de juros mensais, os quais por mais que sejam pagos, sempre deixam
para trás o capital principal, claramente, um ciclo vicioso, que arruína
milhares de empresas pelo mundo.
Esse
é um dos principais motivos pelo qual muitas pessoas fracassam em suas
investidas, a desinformação. A
desinformação, denominada de forma mais pejorativa como ignorância é uma
inimiga tirana, nos torna escravos dos interesses alheios, dos que
possuem esta informação que não possuímos, por esse motivo, por exemplo,
existem as empresas de consultoria, estas buscam soluções para os problemas os
quais, por falta de informação, não temos a solução e em troca disso recebem um
pagamento do qual retiram seus lucros. Já dizia o velho adágio, “informação é poder”. E no caso
principalmente de novos empresários, pode significar o poder de se manter no
mercado e não servirem apenas de acréscimo às estatísticas de insucesso do
SEBRAE.
Percebemos
no decorrer da fábula, que os náufragos depois de submetidos ao tirano sistema
bancário de Martinho, perdem a alegria de viver, trabalham mais, para pagar
mais, e não para lucrar mais, semelhante ao que enfrentam as empresas que se
tornam escravas do sistema bancário e dele se tornam dependentes. Percebe-se,
porém, que essa história de submissão muda a partir do momento em que um deles
– Tomás - descobre na ilha uma versão do primeiro ano de “Vers Demain“, um
jornal canadense emitido pela “Peregrinos
de São Miguel” e que defende o catolicismo e a visão econômica do crédito social. Ou seja, a partir do
momento em que a informação econômica começou a circular dentre o grupo, e
deixar claro o que era necessário para um funcionamento mais eficaz do sistema
financeiro, os náufragos encontraram a força necessária para se
livrar das garras do sistema opressor. Eles perceberam que através
de uma simples questão de contabilidade poderiam deixar o sistema financeiro
de Martinho e adotarem ao “crédito social”, que tornaria mais “humano” e teria
como o próprio nome sugere, um fundamento real de ajuda social, uma melhoria da
sociedade como um todo.
Eles
descobrem também que Martinho na verdade não tinha ouro em seu barril, que é
análogo às situações que os bancos fazem, com relação à emissão de moeda sem
lastro, moeda podre, disseminando inflação, vendendo dívidas, alimentando um fantasma ganancioso e sem senso de misericórdia, fazendo com que o
dinheiro suado de um povo trabalhador passe a valer cada vez menos e paguem
cada vez mais pelos mesmos produtos e serviços.
De
tudo isso, podemos tirar de base o que é essencial para o bem estar de uma
empresa: Informação de qualidade nas áreas contabilísticas, administrativas e
econômicas.. De modo a se esquivarem ao máximo dos perigos
escondidos atrás das “tão pequenas” taxas de juros oferecidas pelos bancos.
Tornando-se verdadeiras empresas rentáveis, que gerem lucros e tornem
legítimo o sentido de existência de uma empresa que é o sentido do progresso.
Porém,
no mundo real, assim como demonstrado na fábula, a intenção não só dos
banqueiros, mas de boa parte do governo, é manter uma sociedade ignorante,
aquém de seus direitos e possibilidades, tanto econômicas quanto sociais,
afinal, poderíamos até mesmo nos perguntar: Qual o percentual da população sabe
o que quer dizer inflação, indexação, entre outros termos econômicos? E como já
dito anteriormente, quem não possui informação, se torna escravo, objeto.
Enquanto não houver pensamento livre e de busca do conhecimento por parte de
empresários, administradores, contabilistas, dentre outros, a tendência é de
que o sistema financeiro se torne cada vez mais voraz, sujeitando ao
fracasso as novas empresas que surgem todos os dias nas mais diversas facetas e
ramos da nossa sociedade.
“Inflação é a arte de
falsificar a moeda por conta do Estado."
Sofocleto.
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